Meu poço

O coração sangra. Você esta tendo hemorragia interna. Seus sentidos já não fazem sentido. Onde você se meteu afinal? Espera, fica ai, exatamente assim, sem fazer nada. Senti apenas toda essa dor que vem de dentro, te consumindo por completo aos poucos. Assim você consegue poupar todo o sacrifício que seria atentar contra a própria vida. Isso, deixa que o seu coração já esta sangrando, a ferida que esta aberta esta tomando uma proporção ainda maior. O sangue que esta saindo por ela, não permite que cicatrize. Não agora. Fica ai. Deixa, você esta definhando. O que é isso? Você esta se deixando consumir por toda essa dor. Porque? Esse quarto escuro ajuda com toda essa angustia e solidão. Nenhum foco de luz, é ainda melhor. E a tal luz no fim do túnel é uma estupidez que inventaram para iludir os fracos. Não, essa não cola comigo. E de que túnel afinal, estão falando?
O fundo do poço. É aqui que estou e pretendo permanecer.
Tudo está muito escuro. Só consigo sentir a terra úmida onde estou caída. Nunca imaginei que todas as minhas lágrimas poderiam causar isso. Deitada, jogada, suja, sem forçar, sem vontades, sem tudo. Não, não quero levantar agora. Deixa eu sentir um pouco mais as lagrimas que ainda enchem meus olhos.. É tão estranha a sensação delas caindo pelo meu rosto. Frias. Deixando um rastro, um caminho molhado, contornando meu rosto. Apressadas para logo dar espaço para a próximo seguir o mesmo rastro. Molhando ainda mais esse solo frio, gélido. Na minha cabeça, não existe mais nada. Pensamentos soltos. Pensamentos nenhum. O que aconteceu com toda aquela força para sorrir? O que aconteceu com meus olhos que já não param de inundar e expulsar esse líquido que antes, eram raros? O aconteceu com meu coração? Ele me parecia tão forte, resistem a tudo, forte, duro, seguro, inatingível de cargas negativas. Agora já nada importa se não o tiver, se ele não tiver mais as mesmas cores, a mesma vida. Será que arrancando-o, sai junto toda essa dor, essa solidão? Deveria tentar. Mas só por hoje, deixei-me aqui. No meu poço. Na minha solidão. Não me importo se for o meu fim.
Essas paredes me parecem muralhas. Firmes, altas, nem consigo ver seu topo. Úmidas, frias, escorregadias. Não consigo nem ao menos apoiar as mãos, que logo sou jogada ao chão sem pena, sem dó. Mais uma vez ao chão, como se já não conhecesse bem essa parte. Covardia.
Qual é a real intensão nisso tudo? Quem esta esperando pelo o que? Porque não me jogam logo a corda e me tiram daqui? Que voz lá de fora, espero ouvir afinal? Por quem espero para gritar?
Devo subir de algum jeito, encravando as unhas na parede e perdendo-as, se preciso. Sentindo todas as dores. Deixando-me encharcar de sangue, se necessário. Devo deixar tudo para trás. Usando de toda minha força. Tudo irá mudar quando chegar em cima. Eu sei! As unhas irão crescer novamente, meu organismo irá produzir mais glóbulos vermelhos, a dor ficará marcadas nas paredes, de onde nunca poderá sair. Poderei recuperar tudo o que deixei e melhor, ainda mais coisas, com mais qualidade, quem sabe?!
É uma longa subida! Tenho que ir, agora!

“Você pode optar em ficar lá no fundo, no escuro, na lama, reclamando e culpando a todos pelo seu infortúnio ou você pode querer escapar tentando subir pelas paredes. Ou até ir cavando com as próprias mãos um buraco e quem sabe assim achar uma outra saída. No final, tudo acabando sendo uma escolha sua. “