quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Onde você coloca o Sal?



O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.

- Qual é o gosto? – perguntou o Mestre.
- Ruim – disse o aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago.

Então o velho disse:
- Beba um pouco dessa água.

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.
- Não - disse o jovem.

O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:

- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu.

Em outras palavras: é deixar de Ser copo para tornar-se um Lago.


Autor desconhecido

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Olhar


Há quem diga que podemos ver tão fundo, que quase chegamos a alma. Os poetas afirmam poder ler os mais lindos versos de amor em olhos apaixonados. Aqueles de grande imaginação vêem toda uma história em quadrinho, de rabiscos bem feitos de cores vivas. As crianças pode-se ver a pureza de um ser, sem qualquer maldade no coração.

Mas o que teus olhos querem dizer?

Olhos castanhos mel de um contorno diferente, traços de um preto forte, de grande circunferência. Olhos curiosos, de desejos misteriosos. Olhos que até podem dizer pouco, mas com uma complexidade singular. Olhos que me intrigam, fazem perder-me em sua imensidão. Olhos sem interpretação coerente. Olhos que encanta um cafajeste e seduz um romântico, brincas com a poesia sem usar palavras.

As expressões, os desejos, as duvidas/certezas, tornam-se mistérios. Olhos em que hipnotiza e causa devaneios. Aquele me desperta no observador a curiosidade sobre interpretação do reflexo da imagem que miras.

Sua singularidade intrigue-me tanto.

Há por trás do tamanho e expressões, jeito puro e doce de menina, um olhar quente, sedutor, instigadoramente de mulher. Cheio de desejos e vontades contidas, prontas para desabrochar como uma bela flor de primavera.

Intriga-me.

Causa-me medo olhar-lo profundamente. Tão profundo sua dimensão, tão esplendorosa teu fascínio, tão poderoso teu domínio que sobre mim podes ter. Parece-me ter o poder de parar o tempo, perdendo-me em sua grandeza, tirando-me o fôlego por alguns instantes intermináveis. Alcançar seu limite és o desafio que me proponho.

Deixa-me cativar teu olhar para que assim consiga cuidar de teu coração.

Desafio-te a me olhar e deixar interpretar tão fundo quanto jamais foste capaz.