quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Querer, não é ter

Queria escrever-te palavras bonitas, coisas que talvez, você jamais tenha ouvido, nem eu dito. Queria sentir seu coração saltar ao entender que tudo é para você. Queria te mostrar o quanto podemos ser especial, sem nos sentir aprisionados ao outro. Não é paixão, é carinho. Não é vício, é atenção.

Gostaria de narrar momentos marcantes que ainda não tivemos. Palavras de carinho que ainda não proclamamos. Histórias que ainda não escrevemos. Compartilhar de um sentimento, que ainda não existe.

Gostaria de ser especial para você, assim como deveria ser para mim. A pessoa importante da qual faz falta no dia. Aquela que não sai de seus pensamentos e você nem sabe o porquê da presença constante. Gostaria de te arrancar um sorriso bobo ao lembrar-se daquela piada sem graça que contei tímida. Gostaria que sentisse meu cheiro e buscasse o ponto que estivesse exalando, para senti-lo por mais tempo e sorrir boba ao perceber que não há ninguém com o mesmo perfume, foi uma peça que a saudade te pregou.

Queria ficar em casa nas noites de sábado em tua companhia, buscando assuntos para ter o que falar e no dia seguinte, não reclamar das enormes olheiras. Queria saber a hora de ligar, sem ter que desligar sem graça por ter atrapalhado algo importante que estivesse fazendo. Queria te mandar torpedos e ter a resposta imediata e não saber quando parar de responder. Não, ainda não é paixão, é carinho. Não, ainda não é vício, é atenção.

domingo, 14 de agosto de 2011

O primeiro


Um dia em que tentarei não ficar triste, não chorar, não desejar que passe mais rápido que qualquer outro. Uma dia que deveria ser de comemoração, se não fosse tão vazio. Um dia que fecharei os ouvidos para as músicas que serão dedicadas, que tocaram em todos os lugares que provavelmente, passarei. Uma dia em que marca sua ausência em quatro meses.

É o primeiro de muitos que ainda passarei. Talvez o mais dolorido, mais difícil de encarar. O primeiro sem tua presença, sem ter o êxtase de não saber o que comprar para presenteá-lo. A falta que essa indecisão traz, aumenta em pequenas e constantes dores. O primeiro que não terei teu colo para sentar, teu cheiro para roubar, teu rosto para encher de beijos. A falta de te ouvir chegar em casa, passos ligeiros e já arrastado, só cresce a cada dia. O primeiro em que não combinarei com meus irmãos o melhor horário para surpreendê-lo com um embrulho colorido. A falta de ouvir tua voz grossa, cheia de autoridade, porém mansa e leve ao se dirigir a mim, torna meus dias incompleto. O primeiro em que não desejarei tímida, ‘feliz dia’, já que não estávamos mais tão próximos.

O primeiro em que desejo do fundo do coração, tê-lo por apenas 30 minutos sequer. Para dizê-lo tudo o que não foi dito. Para fazer aquilo que todo mundo diz que devemos fazer, mas sempre deixamos para depois. Para sentir sua pele, seu cheiro, seu colo de Pai. Para ter sua compreensão e respeito, para mostrar-lhe a mulher maravilhosa que ajudou a criar. Para ouvir de sua boca, o quanto está orgulhoso com meu crescimento pessoal e profissional e quer me ver feliz, independente de qualquer coisa. Que não concorda com os absurdos que ouço calada e estará sempre ao meu lado. Talvez ele não tenha sido o melhor pai do mundo, mas foi com certeza, foi o melhor pai que ele pode ser.

Não lembro a ultima vez que disse o quanto o amava, nem sei se já existiu esse dia. Mas tenho certeza que hoje sabes o quanto esse sentimento pulsava em meu peito. Mesmo incompreendido, indiferente nos momentos de revolta, sem vez nas decisões para futuro. Sei que hoje me entende da forma que eu sempre quis explicar e nunca tive oportunidade. Afinal, você também não me dava espaço para conversar minhas aflições de adolescente, nem contar meus projetos de vida adulta.

Sempre desejei , mais do que o ar que hoje respiro, oportunidade de mostrar-me por dentro, que fosse de peito aberto, com compreensão paternal/maternal, por mais que não conseguisse suprir as expectativas. Temos os devidos valores a nos atribuídos, todos somos merecedores da ‘dúvida’. Sei que hoje não o envergonho, sei que tens por mim, uma admiração que jamais poderia, por agora, conhecer-me tão a fundo, todos os pequenos espaços deixados na alma, de uma vida inteira.

Continuo sua pequena, a garotinha de cachos dourados e sorriso fácil de anos atrás. A menininha que te enchia de beijos, carinhos e te solicitava com um nome peculiar. A sua caçula. Hoje, uma mulher buscando independência, direitos e conquistando espaço social. Cheia de marcas deixadas pelo passado de uma relação dramática com a família, mas que ainda pensa em cada um com feições de reconquista platônica. Sei que hoje, me conhece tão bem quanto a mim mesma.

Ainda não consigo elevar minhas orações para que alcance a plenitude em que vives. Sei que entende o quanto luto para isso acontecer naturalmente um dia. Por hoje sinta meu amor, carinho, respeito, admiração e profunda saudade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ainda sem resposta


O que te faz sentir-se preso?

Uma porta fechada e uma janela emperrada? Portões com correntes e enormes cadeados? Um lugar apertado com uma pequena luz ao fundo pra te dar esperança? Algemas? Cordas? Uma cela? Uma jaula, quem sabe? Um relacionamento sufocante? Aquela pessoa ciumenta te ligando a cada 5 minutos? Uma aliança que sela um compromisso que já não vem dando certo a um tempo? Uma obrigação no trabalho? Um prazo a ser cumprido? Uma meta? A escola que parece nada ensinar? Aquela passagem só de ida? Um lugar que te prende? Uma pessoa que precisa de você? Seus ultrapassados pensamentos? Seus antigos conceitos? A sociedade? Hipocrisia alheia? As somente, 24hs que têm um dia? Acusações sem acusado? A vida que idealizarão para você? O que você socialmente, tem que ser? ...

“Os tijolos da prisão se formam para proteger quem esta fora. Os tijolos da casa se formam para proteger quem esta dentro. A pele que recobre o corpo se formam para proteger os órgãos. A proteção pode ser uma incógnita de duas faces.” (autor desconhecido)